quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Estados pedem compensações para queda nas receitas da conta de luz

 

MP do governo federal determinou redução nas tarifas de energia elétrica.
Diminuição dos encargos da luz levará à baixa na arrecadação com ICMS.

Representantes dos governos de Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo pediram nesta terça-feira (13) ao Congresso medidas para compensar as futuras perdas de receita dos estados com a redução dos encargos da conta de luz determinada pelo governo federal por meio de medida provisória.

A redução no valor da energia diminuirá a base de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre a prestação de serviço elétrico.

Arte preço da energia e redução dos encargos setoriais (Foto: Editoria de arte/G1)

Segundo cálculo do secretário de Energia paulista, José Aníbal, o prejuízo anual das unidades da federação com a redução do custo da eletricidade será de cerca de R$ 5,5 bilhões. Somente em São Paulo, diz o secretário, as perdas alcançariam R$ 1,2 bilhão por ano.

“Você não pode em uma decisão tão importante como essa [redução das tarifas de energia elétrica] ter prescindido de ouvir quem quer que seja, não ter feito nenhuma audiência pública e ter feito por meio de MP. E agora tudo o que o governo diz é que não vai mudar nada. Ponto. Quem quiser é assim. Que história é essa? Se for uma política de goela abaixo, não vai dar certo”, criticou Aníbal ao final da audiência pública que discutiu no Senado, na tarde desta terça, o conteúdo da MP.

Em setembro, a presidente Dilma Rousseff anunciou que, a partir de 2013, a conta de energia elétrica terá redução média de 16,2% para o consumidor doméstico e de até 28% para a indústria.

Um dos pontos de que trata o texto da medida provisória publicada pela Presidência, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso, é a renovação, por até 30 anos, de concessões – usinas hidrelétricas e termelétricas, transmissoras e distribuidoras de energia – que vencem entre 2015 e 2017. A renovação, contudo, depende de o concessionário aceitar condições impostas pelo governo que deverão resultar em barateamento da conta de energia.

O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB) disse aos deputados e senadores da comissão mista criada para analisar o teor da MP que as novas regras irão impor perdas expressivas para os cofres públicos mineiros. De acordo com Anastasia, o impacto anual ao tesouro de Minas será de R$ 500 milhões.

“Todos nós somos favoráveis à redução da tarifa, que é positiva para a nação como um todo. Mas todas essas preocupações [queda na arrecadação] têm de ser levadas em consideração como foi manifestado pela maioria dos estados presentes [à audiência pública]”, destacou.

O governante mineiro também solicitou aos parlamentares mais tempo para as concessionárias de energia elétrica analisarem os termos da MP que determinou a redução de encargos na conta de luz. A proposta enviada pelo Planalto ao parlamento determina que as empresas de energia renovem os contratos de concessão até o dia 4 de dezembro, mesmo que o texto ainda não tenha sido aprovado pelo Legislativo.

Vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão afirmou na audiência que o governo estadual não é contra a redução das tarifas elétricas para o consumidor doméstico e para a indústria. Ele, no entanto, disse que a União terá de encontrar uma solução para minimizar a queda de receita dos estados. Nas contas do governo fluminense, a perda de ICMS do estado alcançaria cerca de R$ 468 milhões por ano, caso a medida seja aprovada pelo Congresso.

“De uma hora para outra, perder quase R$ 500 milhões é muito dinheiro em um estado que fez um ajuste fiscal grande. É uma perda significativa para a nossa arrecadação”, afirmou Pezão.

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Líder da bancada do PT na Câmara e presidente da comissão mista que está analisando a MP nº 579, o deputado Jilmar Tatto (SP) disse que, diante da “chiadeira” dos governadores, ele defende que a proposta do Planalto seja votada somente em 2013.

Na avaliação do parlamentar petista, o adiamento da análise da MP garantiria que fossem buscadas alternativas para minimizar os prejuízos estaduais. Ele assegura que votar a medida provisória no próximo ano não traria nenhum prejuízo ao governo e aos consumidores.

“Considero uma reivindicação justa dos governadores, porque é impacto grande na redução de ICMS. Isso acaba fazendo com que eles tenham dificuldades de fechar as contas. A grita é grande”, avaliou Tatto.

Em contraste com a posição do líder do PT, o relator da proposta no Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu que a MP seja votada na comissão até o final de novembro. O peemedebista afirmou que nesta quarta (14), com o encerramento das audiências públicas em torno do tema, ele já irá se debruçar sobre o relatório final da proposta governista.

“Acho que vamos chegar a bom termo. O propósito de todos é baixar as tarifas de energia. A economia precisa muito disso. Vamos aprimorar a MP sem feri-la de morte, sem mexer exatamente no custo da energia”, disse Calheiros.

Calheiros também afirmou que não é possível atender ao apelo dos governadores de estender o prazo para que as empresas de energia optem por renovar as concessões por mais três décadas ou cumpri-los até o final dos contratos, entre 2015 e 2017.

Conforme o senador, como a data de 4 de dezembro foi estabelecida no texto da medida provisória, não é possível alterá-la no Legislativo. “Essa decisão foi tomada lá atrás, pela constituinte, quando disse que ela tem força de lei. Não dá para corrigi-la agora”, observou.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/11/estados-pedem-compensacoes-para-queda-nas-receitas-da-conta-de-luz.html

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