Milícias voltaram a ser ponto de conflito entre prefeito candidato à reeleição e deputado estadual
Foto: Daniel Ramalho/Terra
Cirilo Junior
Direto do Rio de Janeiro
As milícias foram responsáveis por acusações mútuas entre os dois candidatos que lideram as pesquisas eleitorais no Rio, no debate dos postulantes à prefeitura da capital fluminense realizado na noite da última quarta-feira. O tema, ligado à trajetória política do candidato Marcelo Freixo (Psol), foi utilizado por ele para atacar o prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB).
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Freixo voltou a acusar Paes de ligações com esses grupos criminosos chefiados por policiais e bombeiros. O prefeito taxou o socialista de leviano. Em segundo lugar nas pesquisas e tentando chegar ao 2° turno, o deputado estadual não poupou munição contra o chefe do executivo carioca quando teve a oportunidade de questioná-lo.
Foi no início do terceiro bloco o momento mais tenso do debate. O candidato do Psol afirmou que o peemedebista teve reunião, na prefeitura, com milicianos citados no relatório da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A CPI foi comandada pelo próprio Freixo.
"Não estou insinuando, estou afirmando. Você se reuniu com líderes de milícia. Você se reuniu com Dalcemir, com Cabeção, com o Gringo, líderes de milícia. Seu chefe da Casa Civil, Pedro Paulo, participou da CPI das Milícias e também esteve na reunião. Aquele encontro não foi um acaso", declarou o deputado.
Paes evitou dar explicações detalhadas sobre a reunião, e argumentou que não pede "certificado de antecedentes criminais" de todas as pessoas que entram na sua sala. Foi a senha para tentar contra-atacar, insinuando que Freixo teve um aliado ligado ao traficante Ném, ex-chefe do tráfico de drogas da favela da Rocinha.
"O Psol teve uma pessoa presa em 2008. Agora tem citado na CPI entre os candidatos a vereador. O senhor deveria ler o seu relatório", retrucou Paes. "Deputado, vou manter o nível. Vou atribuir isso as acusações à leviandade", acrescentou o prefeito. "É diferente um indiciado de um citado. Um indiciado você sabe o nome", disse, na tréplica, o candidato socialista.
Freixo também teve que dar explicações sobre o assunto. A suspeita de que o candidato a vereador do Psol, Berg Nordestino, é ligado a uma milícia foi levantada no debate. Segundo o deputado, investigações apontaram que Nordestino seria um infiltrado dentro do partido. As informações, prosseguiu Freixo, indicam que ele é ligado ao ex-vereador Deco, um dos alvos do deputado na CPI das Milícias.
Os ataques a Paes não se resumiram à questão levantada por Freixo. Líder nas pesquisas e favorito no pleito marcado para 7 de outubro, o atual prefeito foi alvo principal dos demais candidatos, especialmente de Rodrigo Maia. O candidato do DEM questionou as mudanças de partido de Paes, e afirmou que o atual chefe do executivo nega seu passado, no qual foi aliado do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), pai do democrata.
O deputado federal centrou ataques também à condução, por parte da prefeitura, da saúde e de políticas de combate ao consumo de crack. O democrata defendeu o polêmico projeto da Cidade da Música, iniciado por seu pai e que está paralisado. Segundo Maia, "picuinhas políticas" impedem que a Cidade da Música comece a funcionar. "O Cesar Maia deixou 90% pronto, e eles não terminam para criar um desgaste. Queremos cobrar a abertura de um projeto que tem muito à agregar a cultura do Rio", observou.
No quarto bloco, Maia elevou o tom e foi agressivo ao defender sua aliança com o grupo político do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Ressaltou que não esconde seus aliados, e aproveitou para alfinetar Paes, que, segundo ele, evita o candidato a vereador do PT, Marcelo Sereno, que já foi assessor do ex-ministro José Dirceu. "Nossa aliança é clara e transparente. Não tenho nenhum constrangimento, não fujo de aliados. As pessoas saberão quem são meus aliados. Não fujo de vereador ligado ao Dirceu".
Em busca do eleitorado da classe média-alta da Zona Sul, Otávio Leite (PSDB) iniciou sua participação indo para cima de Freixo, que tem bastantes votos nesta camada. O deputado federal acusou o legislador estadual de planejar elevar o IPTU da cidade. Freixo negou que tenha tal intenção, e que propõe apenas revisar os impostos da cidade, sem necessariamente aumentá-los.
Aspásia Camargo (PV) moderou o tom crítico, mas também tentou atacar Paes. Questionou a ampla aliança do atual prefeito, que engloba 19 partidos, e insinuou que ele poderia ter problemas para governar uma coalizão tão grande. A candidata acabou, na sua tréplica, elogiando o prefeito, ao concordar com a afirmação dele de que o atual governo vem coordenado bem a coligação de partidos.
A representante do PV teve problemas com o tempo estipulado para os candidatos, e não conseguiu completar algumas perguntas, por não fazer as colocações dentro do período pré-determinado. Ao falar do tema da sustentabilidade, Aspásia voltou a elogiar o prefeito, ao criticar o tratamento que o governo estadual dá aos resíduos sólidos. Segundo a deputada fluminense, a prefeitura faz um bom trabalho nessa questão.
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